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As novas tendências do turismo (minha matéria na Revista Paladar, julho 2017)

 
 
 

 “Act local, think global” : frase enfatizada durante o último encontro mundial sobre o Turismo e Gastronomia realizado pela UNWTO (Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas), em San Sebastian na Espanha em Maio de 2017.

A frase valoriza alguns conceitos: é necessário preservar o patrimônio agroalimentar de cada destino no mundo com atenção a sustentabilidade – grande exemplo de sucesso é o turismo eno-gastronômico. A multicultura é um elemento que dá valor ao turismo local. Aliado a estes, entra o fator educação: é necessário educar as pessoas, o consumidor a conhecer e reconhecer seu próprio patrimônio.

A receita mais valorizada e que representa bem os tempos atuais é o turismo gastronômico em harmonia com a natureza: experiências regionais. É o casamento entre alimento (incluindo vinho), arte e turismo.

No encontro mundial, a professora Roberta Garibaldi da Universidade de Bergamo, ressaltou alguns exemplos dividindo os grupos turísticos em :

  1. Os Millennials - Geração nascida na década de 1990 (escrevi um artigo aqui na Paladar sobre o comportamento dos Millenials e o consumo do vinho em Maio): definitivamente desejam consumir uma experiência eno-gastronômica quando pensam no turismo. Não medem esforços em obter a viagem que desejam. Eles são geração que fazem as reservas “on-line”;
  2. Os Senior (grupo de consumidores com mais tempo livre, e maior poder aquisitivo): são mais atentos ao turismo ligado ao bem estar e propostas culturais, preferem métodos clássicos de reservas das suas viagens, bem como estruturas de hotéis mais “clássicas”;
  3. Geração Z (pessoas nascidas em 1995 até o ano de 2010): são os nascidos “digitais” , utilizarão a comunicação social durante suas viagens. Este para eles é um dos fatores mais relevantes em suas viagens.

De um modo geral, a parte gastronômica deverá se valorizar ainda através de novas modalidades de venda, como por exemplo os “jantares particulares em casas de locais”, organizadas para que o turista tenha uma verdadeira experiências com a culinária e os hábitos locais. Por outro lado, será importante comunicar e narrar bem estas experiências “territoriais” propondo-as de modo claro através dos canais digitais e tecnológicos atuais, “act local, think global”, que acompanha também o conceito do “marketing emocional” propondo uma filosofia de viagem pouco “comum” concentrada principalmente no mundo eno-gastronômico e atividades ao ar livre (na natureza). Os turistas, mais propriamente ditos viajantes não se a contentam somente em conhecer os lugares, mas querem viver uma experiência de cinco sentidos. Degustar os sabores, admirar as paisagens, observar os detalhes da arte e da cultura, viver os usos e costumes locais, desde caminhadas até esportes (exemplo. Bicicleta) 

A Itália em particular é muito associada ao turismo eno-gastronômico pelos turistas estrangeiros (tendencialmente mais do que os próprios turistas italianos), agregando mais valor ao conceito “Made in Italy”; 49% dos turistas internacionais que vem à Itália declaram que são motivados pela experiência associada aos prazeres da gastronomia e do vinho. Pesquisas recentes apontam que a Itália supera os seus principais concorrentes neste requisito: a França e a Espanha. Os Chineses são aqueles que mais procuram a Itália por este motivo, bem como para os Americanos e Alemães. 

O “food traveller” pode ser definido como aquele que procura algumas das seguintes atividades: comer em um restaurante inesquecível, comer ou beber em um bar / restaurante inesquecíveis, participar de um festival eno-gastronômico, visitar um mercado de frutas ou verduras, participar de uma festa da cerveja, visitar e degustar vinhos em uma vinícola, visitar e degustar destilados em uma fábrica, participar em aulas de culinária, visitar e degustar azeites, visitar e degustar queijos típicos, enfim....

Segue forte tendência também a procura às viagens personalizadas combinando, por exemplo viagens de “aventura” ligadas a experiências eno-gastronômicas: trekking em vinhedos, ou jantares com música em vinhedos, práticas de yoga em vinhedos, “pic-nic” em vinhedos  

Pela minha experiência organizando itinerários personalizados desde 2014, todas estas tendências e conceitos são muito válidos e verdadeiros. A Itália ainda é um país muito apegado a suas raízes regionais e pouco globalizado, conservando receitas da “nonna” através dos tempos. Esta beleza é um grande privilégio, associados ao fato que a Itália é um país essencialmente agrícola com uma vasta riqueza de produtos ligados a cada região e a cada estação do ano em particular. Só para citar alguns exemplos mais simples, existem as famosas “sagras” ou seja festivais de rua em cada pequena cidadezinha que acontecem frequentemente durante todo o ano e que atraem também o “turista” italiano: a festa da alcachofra, a festa do aspargos, a festa da abobora, a festa da polenta, etc. etc.. Sem falar que o alimento e o vinho são sempre motivos de festa, onde o próprio italiano compartilha seus momentos relaxando com os amigos 

Não temos que discutir, seria necessário mais de uma vida para podermos desfrutar de todas estas maravilhas eno- gastronômicas “Made in Italy”. Evivva a Itália, cheers!

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