(minha matéria, Revista Paladar - maio 2017)
Vinho para os Millennials é cultura e estilo de vida.
E quem lidara a tendência são as mulheres
Com o incremento da cultura global de consumo, o reconhecimento do valor de um produto esta cada vez mais ligado a história que conta (ou “storytelling”). Na vasta gama de produtos oferecidos mundo afora, o vinho vem sempre, e cada vez mais, desmascarando “mitos”: o vinho é para homens. Talvez no início do crescimento do consumo de vinhos, esta afirmação fosse verdadeira, mas hoje de fato as mulheres apreciam o vinho tanto quanto os homens. E por sua vez desenvolveram gostos completamente autônomos e diversos.
O segundo e mais recente “mito” desmascarado, esta relacionado a idade: o vinho para ser apreciado, necessita de uma maturidade gustativa que se desenvolve com a idade. Segundo os últimos dados difusos pelo “Wine Market Council”, os “Millennials”, jovens nascidos entre 1993 e 2001, não somente consomem vinho mais do que seus pais, os “baby boomers”, quanto gastam mais e se aprofundaram no conhecimento da cultura do vinho, mais do que seus pais.
Liderando esta tendência, são as mulheres “Millennials” quem gastam mais do que os homens, demonstrando assim uma maior sensibilidade cultural em relação ao vinho já em tenra idade.
Na Itália esta tendência também se confirma: em 2016, 32% dos consumidores “Millennials” de vinho eram mulheres, e 25% homens. Percentual importante que cresce de maneira exponencial na Europa, onde 46% mulheres e 54% homens tem idade entre 18 e 33 anos. O crescimento foi de 12% em relação a mulheres e 13% homens em relação ao ano de 2014.
Em recente pesquisa publicada em 2016 pelo site fortune.com os Millennials consumiram aproximadamente 159.6 milhões de caixas de vinhos no ano anterior, valor que supera qualquer outra geração. Este valor representa 42% de todo os vinho consumidos nos Estados Unidos em 2015, aproximadamente 3.1 taças em cada ocasião.
Os Millennials são consumistas, mas consomem em qualidade. Para eles o consumo de vinhos representa sinônimo de estilo de vida. Eles não seguem convenções (compram muito online através de sites), são ligados em “sustentabilidade” ou consumo consciente. Privilegiam as experiências e diversificação. Por este motivo costumam não ser fiéis a marcas. Eles se sentem atraídos sobretudo pela história de cada “garrafa” e pela vinícola que a produz. Frequentemente incluem viagens para as regiões de vinhos e querem “vivenciar” a história do vinho em seu território.
As vinícolas por sua parte, procuram observar mais atentamente também o seu “packaging”, consciente de que este aspecto também é bastante apreciado pelos seus consumadores “Millennials” . O objetivo é envolvendo-os ainda mais completamente em toda experiência através da visão, olfato e paladar.
Os Millennials curtem também degustar o vinho compartilhando-o com seus amigos em casa, diversamente dos “baby boomers” que preferem fazer isto em uma enoteca ou restaurante sofisticado.
E no Brasil?
Pesquisando algumas fontes, encontrei muitas semelhantes entre os “Millennials” brasileiros e o vinhos com os “Millennials” mundo afora.
Infelizmente os dados não são extensos, mas algumas fontes demonstram que os “Millennials” brasileiros consomem bebidas alcoólicas mais de três vezes por semana, tendencialmente mais vinho do que cerveja. Eles preferem sempre qualidade à quantidade, e compram vinhos online.
Em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro do Vinho, no ano de 2015 o consumo do vinho no Brasil aumentou em 4,6%. Não existem dados mais aprofundados quanto a contribuição dos Millennials em relação a este resultado. Esperamos que esta tendência siga crescendo.