(minha matéria, Revista Paladar - julho 2017)
A etiqueta – quanto pode influenciar na escolha do vinho?
Poder ser considerado “cliché”, mas é verdade: o meio é a mensagem. E quando se trata de alimento ou, mas especificamente, vinho? A etiqueta e a garrafa podem ter o poder de atrair o consumidor e sua decisão de compra? Empreendedores mais jovens que vem trabalhando em conjunto com gráficos visuais, parecem compreender que a etiqueta pode ajudar a vender o vinho, mas eles estão corretos? O “design” da etiqueta pode fazer a diferença?
O vinho é uma das bebidas mais antigas, e algumas vinícolas existem desde sempre. Na França, por exemplo, existem leis sobre o que se pode ou não fazer com o design da garrafa. Os vinhos são classificados por região, e cada uma com regras restritas sobre as condições de cultivo dos vinhedos e que assim recebem a permissão de descrevê-los nas etiquetas das suas garrafas. É por este motivo que a imagem do “Château « nas etiquetas dos vinhos franceses são importantes.
Já em outros países como principalmente nos Estados Unidos, estas regras são bem mais flexíveis. E por este motivo, as pesquisas americanas sobre o design das etiquetas x a decisão de compra do vinho, são mais aprofundadas.
Várias lojas de vinhos em Nova Iorque (entrevistadas por Vinepair.com) afirmam que no varejo, a etiqueta faz diferença no momento da compra. As garrafas de vinho mais vendidas, são aquelas que de alguma forma atraem a atenção do consumidor. Um exemplo, são as etiquetas com alguma forma de desenho.
Por outro lado, a percepção é de que a etiqueta pode fazer a diferença apenas se o consumidor estiver na dúvida quanto a escolha de dois tipos de vinho com o mesmo preço: ai sim a etiqueta vai ajudar na escolha final. Certamente a etiqueta, mas também o modelo de garrafa, são importantes para o consumidor de vinho. Fazer um etiqueta não convencional ajuda a chamar a atenção do consumidor.
“Uma etiqueta com cores luminosas e claras, em um vinho branco, por exemplo pode induzir o consumidor a perceber este vinho como fresco e com certa “ginga”, mais do que um vinho com uma etiqueta creme, considerada mais monótona.” afirma Brian Wansink, diretor de “Food and Brand Lab” na Universidade de Cornel, Estados Unidos.
Por outro lado, é importante também considerar o tipo de consumidor que decide a compra com base na etiqueta do vinho. Lendo um artigo sobre o assunto achei a seguinte definição correta, e no mínimo divertida, sobre os consumidores entusiastas e casuais do vinho: “críticos acidentais do design”. São estes consumidores do vinho menos informados, e que talvez com conhecimento apenas sobre a “sua região de vinhos favorita” ou “ seu tipo de uva favorito”; estes tendem a escolher e decidir a compra do vinho olhando o “design” da etiqueta.
Alguns destes “críticos acidentais do design”, costumam gostar das etiquetas que apresentam um pouco mais de informação e afirmam: “Não sei explicar, apenas sei que gosto.”.
O desenvolvimento de uma etiqueta mais criativa pode ajudar o vinicultor a tentar vender seu vinho em um mercado onde ainda não tinha penetração. Por outro lado há aqueles que não concordam com esta afirmação, e preferem dizer que a maioria dos consumidores de vinho escolhem o vinho pelo seu conteúdo, e ainda afirmam que certas etiquetas com certo “humor” podem causar efeito contrário, fazendo com que um vinho sério pareça “bobo”, e assim difícil de vender.
No geral, não existem motivos para não combinar um ótimo vinho com a apropriada etiqueta. Tudo se trata de “casar” a ideia certa com a mensagem que o viticultor quer transmitir sobre o seu vinho. A forma como uma garrafa se apresenta ao público, diz muito sobre o que ele quer comunicar sobre seu vinho.
Até a próxima. Cheers!