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Do Terroir a emoção

 


 
 
 

Terroir é uma das palavras mais utilizadas no mundo do vinho, que por vezes gera diversas controvérsias.

Originalmente associada principalmente a referencias ao terreno na zona de produção do “velho mundo”, hoje é utilizada para descrever praticamente todas as regiões de produção de vinho (exemplo.: terroir de Napa, terroir de Bordeaux, terroir do Priorat, etc.). Esta generalização, “banalizou” a palavra, que no entanto é muito útil e importante no mundo do vinho.

Muitos produtores de vinho, passam momentos discutindo sobre a diferença no paladar de certos vinhos que são cultivados em certas zona do vinhedo, mesmo sendo vinhedos jovens de no máximo cinco anos de produção. Esta diferença poderia na teoria somente ser notada em vinhedos mais antigos, muito mais antigos.

Analisando o conceito “literal” da palavra terroir e seu efeito no resultado do vinho, devemos considerar e refletir sobre os seguintes conceitos envolvidos:                

  1. O clima, as regiões produtoras de vinho podem ter clima fresco e clima quente. Uvas produtoras de vinhos em climas quentes produzem maiores níveis de açúcar e portanto maiores níveis alcóolicos no vinho, portanto climas mais frescos são o extremo oposto do clima quente. Exemplificando: um cabernet sauvignon produzido no Vale Napa com maior intensidade de sol produz um vinho diferente do cabernet sauvignon em Médoc na França.                                    
  2. O solo, existem mais de cem tipos diferentes de solo, rochas e depósitos minerais nos vinhedos pelo mundo. A maioria dos vinhedos podem ser classificados em aproximadamente cinco ou seis tipos diferentes de solo que por sua vez afetam o sabor do vinho. Não existe prova científica que o sabor mineral seja associado ao solo, mas alguma coisa acontece e reflete sim no sabor do vinho. Isto tem a ver com como o tipo de solo drena a quantidade de água, diretamente em contato com a raiz do vinhedo.                                                
  3. A terra, aqui importa a altitude do vinhedo que resulta na qualidade do vinho. Além disto, suas características geológicas, tais como vales e montanhas, se estão localizados na planície, sua flora e fauna, e quantidade de água do terreno. Exemplificando: Em Mendoza, na Argentina alguns vinhedos são cultivados a 1200 metros de altitude sobre o nível do mar, com noites muito frescas e frias produzindo um malbec com alto grau de acidez, e longa capacidade de envelhecimento.
  4. A tradição, e aqui devemos considerar aquelas regiões produtoras de vinho com certa tradição no seu modo de produzir o vinho, onde estas técnicas influenciam e contribuem no resultado final deste vinhos em particular. Tradições antigas e seculares, mesmo que sofram a influência do clima, do solo e da terra. Exemplificando: a produção tradicional das zonas de produção do vinho Italiano Amarone (no Veneto) onde parte do processo de produção é feita com o método de “desidratação” das uvas por alguns meses antes de sua vinificação, resultando em um vinho muito autêntico e particular.

Todos estes aspectos que resumem o conceito de “terroir”, em teoria deveria representar somente resultados consistentes e singulares de um vinho, e não utilizado “banalmente” para representar e classificar certas zonas de produção do vinho ao redor do mundo. 

Porém, por outro lado o vinho tem muito romance e fantasia associados a ele, o que as vezes acaba alterando os conceitos tangíveis de forma mais intangível, ou literalmente não ao “pé da letra”.

Pode realmente um vinho ter o sabor de granito? Claro que não. Nem podemos falar que estamos degustando as violetas de Barolo, ou as amoras da Nova Zelândia.

Estes são expressões que evocam uma certa expressão de um “terroir”, a beleza do mundo do vinho e suas referencias a imagens, aromas, sabores e experiências de um lugar. Cientistas estudam estas referencias para encontrar um modo legítimo e provar as suas correlações.

Alguns aspectos singulares de cada vinhos estão também associados ao local onde você o degusta e com qual gastronomia você o degusta. Pode lhe causar resultados e emoções diversas quando degustar um Barolo em um restaurante com a gastronomia local em Barolo, com vista para as colinas de Barolo. Poucas são as bebidas que evocam em nós uma infinidade de emoções tão complexas quanto o vinho.

Portanto, certamente podemos dizer que não podemos sentir o granito de um certo terroir no sabor do vinho. Mas, com certeza a interação do vinhedo com seu clima, seu solo, a terra e sua tradição, resultam em uma precisão de aromas e sabores distintos e únicos a cada vinho. E estes refletem em nós uma infinidade de aspectos e emoções associados ao seu “terroir”. Pouco tangível? Será?

Cheers, e até a próxima!

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                     

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