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As variedades autóctones Italianas

 


 
 
 

A península Italiana possui a maior variedade de uvas autóctones do planeta. Mas o que significa autóctone?

A definição simples do vocabulário da língua define: “ uma uva autóctone é uma uva originária, nativa de determinado país ou região produtora, e por isto são chamadas de uvas nativas.”

As espécies de uvas “internacionais” como Chardonnay, Cabernet, Pinot Noir, etc. tem sua origem em lugares bem definidos no planeta, dando vida a grandes vinhos, mas que pouco a pouco, graças a sua capacidade de adaptação, também acabaram sendo cultivados em outras zonas de produção fora da sua zona de origem. As uvas autóctones, no entanto, tem a peculiaridade de exprimir-se melhor na sua zona de produção de origem.

Na Itália temos ao redor de 400 variedades de uvas autóctones registradas como produtoras de vinhos, e a cada ano novas pesquisas revelam novas variedades, e as mais importantes zona de produção Italianas, são compostas exatamente por estas variedades autóctones. Um exemplo latente, que prospera, é a uva Nebbiolo, no norte da Itália, no Piemonte. Esta uva, que ê cultiva desde a zona Alta Valtellina até a zona confinante com a região de Valle D’Aosta, é responsável por 6 DOCGs (denominações de origem controlada e garantida) sendo: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Ghemme, Valtellina Superiore, Sfursat di Valtellina. Obviamente cada um dos vinhos produzidos nestas DOCGs se exprimem de forma muito única, mas isto deriva especificamente de cada “terroir”, mesmo se tratando de uma única variedade.

Tipicamente o “elo condutor”entre a uva autóctone e a sua terra, representam o sucesso destas, mas a tipologia de vinificação também influencia no resultado de cada vinho. Alguns produtores preferem utilizar técnicas de produção que demonstrem uma certa característica “internacional”ao vinho, mesmo utilizando uvas autóctones, isto para garantir um reconhecimento em termos de pontuação no seu vinho.

Algumas variedades importantes autóctones tintas Italianas são: 

  • Barbera: uma das uvas autóctones de maior “facilidade”de produção, produzindo excelentes resultados, ela é considerada bem “popular”. Produzida na zona do Piemonte, esta entre as 15 mais cultivadas no mundo.
  • Nebbiolo: O “rei”das uvas autóctones, produz um vinho complexo e vibrante e elegante, também no Piemonte.
  • Sagrantino: Produzido na região central da Itália, na Umbria, produz também um clássico vinho tinto. Sua história é pouco conhecida.
  • Aglianico: Cultivado na zona mais ao Sul da Itália, Campânia, encontramos um grande vinho tinto. Esta uva que inicialmente era considerada de origem grega, hoje já é reconhecida como autóctone da região. Produz vinhos complexos, com grande “músculo”.
  • Nero DAvola: A ilha Italiana ao sul, a Sicília, possui várias variedades autóctones interessantes, sendo a Nero D’Avola uma delas. Ela é a segunda mais “comum”na Sicília.

E o que dizer das variedades “brancas” de uvas autóctones Italianas? De acordo com pesquisas, a Itália da origem e berço a mais de 25% da variedade de uvas brancas “autóctones”de produção de vinho no mundo. As cinco principais elencadas são (mesmo que você não as conheça, elas existem...):

  • Cortese: Produzida na região sul do Piemonte, ela é responsável pela produção do vinho Gavi di Gavi, e Gavi Tassarolo. Ela existe na região desde o século XVI.
  • Verdicchio: O seu nome deriva da tonalidade “esverdeada”da uva, e é produzida na zona central Italiana Marche. Alguns de seus aromas são de limão, e os vinhos mais conhecidos são de Castelli di Jesi e Verdicchio di Matelica.
  • Fiano: Uva nativa da região sul de Campânia, exprime a parte “tropical”quente com aromas exóticos no vinho.
  • Carricante: Nada mais exótico do que esta uva autóctone que é cultivada nas colinas aos pés do vulcão e Monte Etna.
  • Zibibbo: Também conhecida como Muscat de Alexandria, é uma das uvas “parente”de ao menos outras quatorze importantes variedades. Zibibbo é nativa da ilha de Pantelleria, na costa da Sicília.

Para quem se interessa em estudar mais detalhadamente sobre o assunto, uma das melhores referencias sobre o assunto, é o livro “Native Wine Grapes of Italy”do estudioso Ian D’Agata. Para escrever o livro, Ian dedicou treze anos entrevistando produtores, visitando e conhecendo vinhedos, estudando o assunto e pesquisando as diversas variedades autóctones. Ian discute mais de 500 variedades Italianas diferentes, das 700 elencadas no mundo.

Talvez menos conhecida, mas com mesmo reconhecimento no resultado do vinho, é a uva autóctone Timorasso cultivada e produzida na zona de Monleale no sul do Piemonte. Responsável pelo ressurgimento desta uva, esta o produtor mítico Walter Massa. Acreditando que a Barbera era muito “fácil e simples”de ser cultivada, ele trouxe a tona a branca Timorasso. A uva já era cultivada na época medieval, mas acabou caindo no esquecimento. Foi em 1987 que Walter Massa, ao contrário de muitos, resolveu reiniciar o cultivo e produzir vinhos com esta uva, que segundo ele, teria grande capacidade de envelhecimento. Foi assim que hoje em dia podemos apreciar e degustar seus grandes vinhos reconhecidos mundialmente como “grandes vinhos de excelência”.

Este exemplo inspira e inspirou outros produtores na sua região, mas também em toda a Itália, acreditando no potencial da terra, e que cada planta tem seu próprio “habitat”natural. Basta que o ser humano apenas entenda e o respeite.

Cheers!

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                     

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